Projetos de Pesquisa

Encenações terapêuticas do acaso em jogos de linguagem: a emergência do sujeito concorrencial na história

Antonio Miguel (coordenador)
Alexandrina Monteiro
Jackeline R. Mendes

O propósito mais amplo que orienta a realização desta investigação coletiva envolvendo integrantes dos grupos de pesquisa HIFEM e PHALA é o de se produzir uma pesquisa que concretize, ilustre ou operacionalize um modo indisciplinar de se realizar uma investigação acadêmica sob uma perspectiva terapêutico-desconstrucionista inspirada, sobretudo, na leitura dialógica tensional que temos estabelecido com as obras dos filósofos Ludwig Wittgenstein, Jacques Derrida e Michel Foucault. Pretende investigar a emergência e a confluência mutuamente reforçadora de diferentes jogos de linguagem que teriam possibilitado a constituição do sujeito concorrencial na história. A crença de partida para essa incursão indisciplinar é a de que os jogos neoliberais de linguagem constitutivos do sujeito concorrencial de nossa época compartilham com os jogos bélicos de linguagem o desejo individualista de poder e de conquista do outro e, por extensão, o desejo colonizador de aniquilamento do desejo do outro visto como ameaça inimiga para a concretização desse desejo de poder.  Assim, investigar, na história, a emergência ou constituição do sujeito concorrencial nos remete à investigação da pertinência  de se estabelecer semelhanças de família entre jogos de linguagem bélicos, sobrenaturais, lúdicos e seguradores ou auto-protecionistas que tem como foco o problema do acaso (da imprevisibilidade, da casualidade, da aleatoriedade, da contingência etc.).

Obs.: Esse projeto conta com a colaboração de pesquisadores do grupo HIFEM/UNESP bem como de integrantes do PHALA de outras instituições

 

Gestos de leitura e escrita em práticas culturais, modos de entender e de ser: possibilidades de problematização das práticas escolares

Jackeline R. Mendes

Pensar nos processos que envolvam leitura e escrita em práticas socioculturais particulares nos traz possiblidades de olhar para as práticas da escola sob um ponto de vista de outras formas em que leitura e escrita têm sido concebidas em diferentes contextos socioculturais, apresentando modos de produção de sentidos, formas de conhecimento e posicionamento de sujeitos em relação à participação em tais práticas. Se o currículo for pensado, a partir das perspectivas pós-críticas, como um conjunto de práticas e saberes que vão instituir os modos de vida e os sujeitos na instituição escolar, podemos entender as práticas de leitura e escrita no espaço escolar enquanto práticas curriculares que apresentam também seus modos específicos para a aprendizagem da escrita e produção de subjetividades vinculadas à participação em tais práticas. Desse modo, o objetivo da investigação é incidir um olhar para práticas de letramento-numeramento em processos formativos escolares e não escolares, focalizando formas de conhecimento e subjetividades que emergem nessas práticas. O direcionamento da investigação proposta pretende focalizar letramentos-numeramentos em práticas culturais, procurando levantar os processos interativos que envolvem tais práticas entendidas como práticas discursivas, bem como pensar em possibilidades de problematização das práticas escolares em relação aos sujeitos envolvidos e as formas de conhecimento que circulam nessas práticas..

 

Ressonâncias de uma problematização (in)disciplinar na educação matemática: refutando territórios, articulando saberes

Alexandrina Monteiro

A Contemporaneidade se apresenta como um momento em que diversas e profundas transformações sociais, econômicas e culturais acontecem em âmbito mundial, sendo debatidas por diversos estudiosos. Assim, insiro esta pesquisa no campo das que visam problematizar o modelo da escola moderna, que se apóia em discursos com bases na universalização e representação. O contexto em que tal problematização se realiza é, assim o de uma sociedade neoliberal e seus efeitos sobre as práticas curriculares e pedagógicas, bem como seus efeitos sobre os processos de subjetivação provocados pelo dispositivo da meritocracia que governa estas práticas. Para a realização dessa problematização, considero, também, estudos e pesquisas que buscam elementos para a produção de práticas de problematização indisciplinar transgressora apontadas pelos pesquisadores Miguel; Vilela; Moura (2010); Gallo (2007, 2013), apresentando possibilidades outras de pensar a educação a partir de ferramentas foucaultinas e deleuzianas. Diante disso, formulo o seguinte problema de pesquisa: Que panoramas cartográficos podem se apresentar quando a educação escolar é pensada com base em e para uma política da diferença, desvinculada de uma proposta metafísica representacional e disciplinar, ou seja, quando é pensada a partir da problematização indisciplinar de práticas culturais? Este problema se repercute em outras questões orientadoras de nossa investigação: de que modos princípios neoliberais legitimam o currículo, as práticas educacionais e as teorias de aprendizagem que sustentam a educação contemporânea, em especial, no campo da Educação Matemática? Quais e com que intensidade podem ser pensadas brechas e linhas de fuga produtoras de novas experiências e formas outras de pensar o conhecimento e as práticas escolares? Que experiências curriculares e processos de subjetividade podem emergir nesse contexto de resistência? Há a prevalência de alguma forma de singularidade entre os sujeitos envolvidos, em especial professores e alunos? De que modos outros podemos pensar a relação entre os saberes e o aprender no contexto escolar, e quais potencialidades e efeitos curriculares podem emergir? Nesse sentido, esta investigação pode problematizar os interesses educacionais que sustentam a educação produzida pela sociedade contemporânea, bem como analisar possibilidades de resistência e de produção de diferenças construídas no cotidiano escolar.

 

Práticas escolares (in)disciplinares: tensão entre discreto e contínuo na perspectiva da filosofia da diferença

Alexandrina Monteiro

Esse trabalho tem por objetivo, discutir como o saber matemático mobilizado por Deleuze em algumas de suas obras, pode funcionar como potencializador para se pensar a matemática e as práticas pedagógicas escolares sob a perspectiva da diferença. Com isso pretendemos nos aproximar e ampliar os debates sobre as propostas centradas na organização (in)disciplinar do saber escolar conforme discutidas por Miguel, Vilela, Moura (2010) e Miguel (2010, 2014,2015). Para tanto tomaremos como foco temático dessa análise a tensão entre o discreto e contínuo e,  propomos as seguintes questões de pesquisa: como a [disciplina] matemática sustentada por uma matriz metafísica e representacionista se mobiliza quando acionada pela perspectiva da filosofia de diferença proposta por Deleuze? Como ideias matemáticas, especialmente as relacionadas à tensão entre discreto contínuo,  são mobilizadas em alguns dos trabalhos de Deleuze? Diante da forma Deleuziana de pensar o saber da ciência e da matemática, que efeitos de sentido podem ser produzidos no campo da matemática escolar, em especial nas práticas pedagógicas? Espera-se que as análises dos trabalhos de Deleuze (2009,2012) com foco na relação entre discreto e contínuo, articuladas às discussões desse tema no campo da história da matemática e da educação matemática gerem elementos que nos permitam propor, ainda que em forma disciplinar, espaços de problematizações e debates sobre práticas socioculturais (in)disciplinares que mobilizem  conceitos relacionados ao tema aqui proposto. Entendemos que esse movimento pode contribuir para a formação (matemática e pedagógica) de professores e futuros professores de matemática.

 

Educação, Diferença e Patrimônio Cultural: um estudo sobre a capoeira

Norma Sílvia Trindade de Lima

Descrição: Estabelecer intercessões teórico-metodológicas entre cultura, diferença e inclusão, destacando como recorte a capoeira, entendida como patrimônio cultural imaterial do Brasil e da Humanidade. Explorar interfaces entre educação e patrimônios culturais imateriais no âmbito da formação humana.

Diferença, Pluralismo e Confiança em Educação e Formação

Sílvio Donizetti de Oliveira Gallo

Por intermédio da matriz do pensamento filosófico contemporâneo, o presente projeto de pesquisa tem por objetivo analisar, compreender e problematizar determinados focos de experiências circunscritos aos objetos, aos sujeitos e aos fenômenos da educação atual. Focos de experiências são entendidos conforme a acepção de Foucault (2011) em que a articulação tríplice das dimensões das formas de saber, das ?técnicas e procedimentos pelos quais se empreende conduzir a conduta dos outros? (FOUCAULT, 2011, p.6) e da emersão dos modos de subjetividades dão condições para a existência de determinadas experiências. De modo específico, pretende-se demonstrar como o conjunto de noções e de conceitos, as dimensões analíticas e os seus instrumentos de valoração, o repertório epistemológico e a ordem discursiva da filosofia contemporânea questionam, tensionam e afetam a eficiência, o posicionamento e os propósitos da educação em nossos dias, ao mesmo tempo em que propõe novas temáticas analíticas, problematizadoras e constitutivas para o campo da educação.. 

 

Em Torno de uma Política Pensada no Registro da Diferença e suas Implicações para a Educação

Sílvio Donizetti de Oliveira Gallo

Se Foucault buscou na construção de uma ética do cuidado de si a possibilidade de resistor a essa sociedade administrada, Deleuze & Guattari investiram nas teias de uma micropolítica do desejo. De modo que, nas três perspectivas teóricas aqui citadas (Rancière, Foucault e Deleuze & Guattari) encontramos elementos que nos permitem compreender a política contemporânea pensada no registro da diferença e formas de ação para o enfrentamento do controle de uma sociedade administrada. A pergunta que move esse projeto é: que implicações essa realidade impõe à problemática do campo educacional? E ela se desdobra: que tipo de educação está sendo produzida por essa sociedade administrada? Quais as possibilidades de resistência e de produção de diferenças no campo educacional? Que implicações tais resistências teriam para uma política pensada como diferença? Enfim, que Filosofia da Educação seria adequada para pensar nosso mundo e nosso presente?.